quinta-feira, 21 de junho de 2007

O Boi e as calças III.

Escuro demais, abafado demais, quente demais, apertado demais, suado demais, fedendo demais, lotado demais, barulhento demais.

Demais mesmo.

E foi demorado demais também. Peraí... Foi? Foi? Então não é mais? Hum... Muito interessante. Quer dizer que... ah é mesmo.

Não está escuro demais, nem abafado demais, nem quente demais, nem apertado demais, nem suado demais, nem fedendo demais, nem lotado demais, nem barulhento demais!

Não está mesmo.
Ah, agora entendi.Entendo, na verdade.

Lógico, eu não morri.Que bosta.Não tomei a quantidade suficiente de comprimidos? Será que eu sou assim tão inútil? Que não consigo nem me matar?Estou de novo na sala, que inutilidade.Sonhei aquilo tudo, então.

E agora não está mais silencioso demais! Começou a ficar barulhento, sim, muito barulhento.

Que coisa estranha...

Não é como o outro barulho, muito pelo contrário. O outro não fazia sentido, esse é até meio ritmado...E agora está aumentando... Hum. Bonitinho! Agora está realmente alto, não está tão bonitinho.

Toc, toc, toc, toc, toc, que chato. E alguém resolveu mugir...



UM MUGIDO.





Deus do céu, é o Boi!



Levantei-me rápido demais e , por uma fração de segundos, não senti nenhuma gotícula de sangue irrigar meu cérebro.

Desmaiei.

segunda-feira, 11 de junho de 2007

O Boi e as calças II.

Cri Cri Cri Cri Cri Cri Cri.


O vento sopra sempre sai
A sede desce sente a sombra
Sobe a seiva sopra sai
Seita santa sabe mais




Morri? O que ouvi, vi, senti, enfim, foi assim.



Foi assim, enfim, senti, vi, o que ouvi. Morri?



Seita santa sabe mais
Sobe a seiva sopra sai
A sede desce sente a sombra
O vento sopra sempre sai


Cri Cri Cri Cri Cri Cri Cri.








Mariana Cota, viva ou morta?

segunda-feira, 4 de junho de 2007

Boi Filósofo

O boi andou por horas atrás de alguém que pudesse tirar a sua duvida!
estava já sem perspectiva!
no meio desses pensamentos apareceu Mimosa!
a sua musa!
o seu amor!!!
a essa altura o boi já estava sem forças!
ele não havia comido nada desde a saída da casa De Maricota!
ele deitou-se no chão!
na sombra de uma árvore,tinha se cansado de procurar um pasto onde pudesse comer em paz!
é bem capaz dele ter passado por um e não ter reparado tamanha a reflexão que o Boi se encontrava!
todo este relato me foi contado ao despertar do Boi!
Após terem me dito que tinham visto o Boi andando sozinho, indo "pelas bandas de lá" me preocupei a demora do mestre Boi e fui a sua procura,quando o encontrei ele estava lá!
descansando toda sua magnitude na sombra da árvore!
quando ele acordou olhou para mim e disse
- Durante horas de reflexão! não posso ficar triste ou alegre pelo que as pessoas dizem!ou fazem! o que mais tem que me importar é o que eu penso sobre mim mesmo!
dito isso o Boi se levantou e sumiu no infinito!

ps: quem tem noticias do Boi favor se manifestar! estou preocupada com o Boi
Sara Cohim

domingo, 3 de junho de 2007

O Boi e as calças.





Já passava da meia-noite quando ouvi o Boi mugir lá fora. Levantei-me rápido demais e , por uma fração de segundos, não senti nenhuma gotícula de sangue irrigar meu cérebro.

Desmaiei.

Que barulho era aquele? Umas batidinhas vindas de algum lugar muito longe, fraquinhas... Um pouco mais perto, opa! Que coisa mais estranha,mais fortes! Hum... E mais rápidas, e mais fortes, e mais altas... Que coisa insuportável! Que barulho mais chato, essas batidas e essa bosta desse mugido dos infernos!!!

Mugido?

MUGIDO!

Abri meus olhos. "O BOI!". Levantei-me rápido demais e, novamente, por uma fração de segundos,não senti nenhuma gotícula de sangue irrigar meu cérebro.

Desmaiei.

E continuei desmaiada por sete horas.Acordei novamente com o sol no rosto, mas dessa vez sem barulho e sem mugido. "Oh meu Deus, para onde foi o Boi?".Provavelmente ele queria me contar alguma coisa, transmitir seus pensamentos bovinos, tão poéticos e criativos. E eu desmaiada no chão, tudo graças ao meu físico sedentário e fraco.Nunca senti um ódio mortal tão...odioso quanto aquele.

Demorei doze minutos levantando da cama, não estava disposta a desmaiar de novo para acordar semanas depois.Na verdade eu não estava disposta a fazer mais nada.Estava sentindo tanta raiva de mim mesma por não ter visto o Boi que decidi cometer suicídio. Peguei todos os analgésicos que encontrei e mais duas cartelas de AAS, porque AAS tem um gosto bom.Engoli tudo de vez com ajuda de um copo de achocolatado barato e quente. Sentei-me em frente à tevê e coloquei num desses canais de igreja.Não sei quanto tempo passou para os analgésicos começarem a fazer efeito, mas , na altura em que comecei a sentir a sala rodar, Marias, Joseiltons, Carlos e Joselenes já haviam sido salvos pelo Senhor.

Minhas pálpebras estavam muitíssimo pesadas, o pastor na tevê tinha uma voz muito grave e parecia falar em câmera lenta, aquele vento fresco batendo no meu rosto, tudo estava tão bom... Que sono... E então o pastor começou a bater na mesa, a platéia gritando de felicidade, e ele continuava a bater. Batidas, batidas, batidas... Cada vez mais altas e mais rápidas, e então todos falavam tão devagar em uníssono que pareciam mugir...

MUGIR!

Não! O Boi havia voltado! A sala tinha que parar de rodar, o pastor tinha que parar de falar devagar, eu precisava de adrenalina! Precisava acordar! O Boi estava ali , esperando por mim! Podia ver a silhueta robusta e pomposa do Boi por detrás das cortinas, eu precisava levantar!Mas meu corpo não queria responder aos meus comandos, todos os neurônios resolveram não mais funcionar, adeus sinapses.Não sei como nem de onde tirei força para gritar "ESTOU AQUI BOI! DIGA! SOU TODA OUVIDOS, Ó REI MAJESTOSO QUE INSPIRA PAZ!".A cada palavra que eu dizia, mais borrado tudo ficava. Não conseguiria aguentar nem mais um minuto. Foi quando o Boi respondeu, com a sua voz majestosa, com o seu jeito de rei:

-É...Sabe o que é, estou preocupado. Me perguntaram uma coisa ontem e eu realmente não sei a resposta.E Mimosa anda me esnobando, não sei o que fazer. E Martelo, o novo reprodutor do vizinho, tem dado em cima dela. E ela deixa, sabe, isso me incomoda bastante.Mas então, o que me perguntaram, sabe, eu não sei. Realmente não sei. Já consultei os sábios, mas não sei.Então pensei que você poderia saber.Você sabe?O que é que o cú tem haver com as calças?

E tudo começou a escurecer...

Desmaiei.





-Continua nos próximos capítulos. Ou não.




Mariana Cota.

sábado, 2 de junho de 2007

O Boi sozinho...

CAMPANHA FAÇA O LULA FELIZ

O Lula quer um dedo... dê um dedo pro lula!

***

O boi sentia tédio.

Seu amigo Mula, estéril e de gosto duvidoso, apresentou-o à sensação do momento: Fergie.

O boi achou apaixonante.

"Ela até parece uma vaca!"



***



Um dia, Mula morreu da Doença da Mula Louca, enfermidade comum entre os de sua opção alimentar.

O boi, trantornado, escreveu um poema sobre a enfermidade da solidão.



***

QUANDO SÓ...

A enfermidade abate o indivíduo
como o açougueiro desfere o
golpe da lâmina no pescoço do
bezerro, antes que este o perceba,
triturando a traquéia, arrasando os
sentidos.
O tormento retira o individuo
do convívio com seus iguais
de seus iguais.
E o faz tão sutil e docemente
que, logo, em multidão, festa
ou quaresma
Aquele se encontrará só.
Não mais que um botão no
deserto e não menos que o
mais podre, o mais dantesco,
de pele encrespada, de carne
explodindo em matéria morta,
leproso das cavernas.
Estando só, o animal
terá crises - o pobre! - de cegueira
das visões dos terceiros olhos
ao ponto de abaterem-se ilusões
d´óptica de
grandeza
superioridade
incompreensão.
Verá agudo, falará grave,
escutará de muito, beijará as faces,
mutilará orelhas.
E, estando só em turba imensa,
não verá ninguém.
E, em casa dos seus, não se despirá,
com medo dos seus, dos teus,
dos nossos, todos eles, seus irmãos,
como o breu teme a lamparina.
Por fim, tísico, se arrastará
por cantos-de-sala,
becos-sem-saída,
jardins e campos de trigo.
Onde cairá só, e chorará
só,
gritará também
esperneará também
confabulará também
também só e triste.
E, já louco, já morto, tomado de delírio,
transbordando de agonias tangíveis,
incabíveis e incontestáveis, de doente, só, escreverá um poema

***

- Láion Pessôa, estreando na filosofia do Boi Divino


sexta-feira, 1 de junho de 2007

Boi roteirista





Depois de muito pensar sobre a vida humana o boi chegou a conclusão de que não vale muito a pena escrever sobre ela, mas pra não dizer que ele não escreve sobre humanos, ele achou um texto guardado e resolveu postar aqui, na verdade é uma peça teatral que pode ser representando por uma mulher, com uma vaca ficaria mais engraçado, mas meio surreal então lá vai:

ps.: O boi está aceitando propostas de artistas famosos para interpretarem essa peça

Terríveis flatulências na padaria

(entra principal)

Principal - Mah que merda de dia esse o meu! alunos gritando, jogando papéis, acabando com nossas vidas! Com o único objetivo de sair para o intervalo e irem para casa depois! O pior de tudo é agüentar funcionárias mal vestidas com calças apertadas prontas para rasgarem, coordenadores ausentes todos os dias e patrões com sorrisos amarelos... ahhh, mas pelo menos eu vou comprar meu pãozinho do café da tarde...

(peido)

Principal - Para tomar meu cafézin...

(peido)

Principal - E descansar...

(Peido muito grande)

Principal - OH Meu Deus!!! O que foi isso!?

(peido)
(Todos paralisados no tempo, menos principal)

Principal - OHHH!! EU PEIDEI NA PADARIA!!!!!!! AAHHHHH! AHHH! AHHH! Mas que vergonha!!! O que o padeiro vai achar??? Vai achar que eu sou um maníaco depressivo precisando de ajudas intestinais, o padeiro vai me expulsar dessa padaria!! Padarias não são lugares para peidos, peidos não são bem vindos em um lugar como esse, ele vai achar que eu estava fazendo um atentado contra os queridos pães dele! Afinal, ninguém gosta de comer pães de uma padaria onde se pode peidar livremente! Minha vida nunca será a mesma depois deste peido...

(Muda de expessão rapidamente olhando para o padeiro paralisado)

Principal - Mas, e se o padeiro não tiver escutado? Como posso saber? Acho que foi um peido audível, mas vai que ele estava concentrado em outra coisa? Oh, mas que dúvida cruel, escutou ou não? eis a questão... acho que só me resta perguntar

(cara de choro e se recompondo ligeiramente para perguntar; Padeiro contando dinheiro)

Principal - Olá seu padeiro, tudo bem?

(padeiro responde sem se mexer)

Padeiro –tudo...

Principal -hehehe, está quente aqui não?

Padeiro - é...

(principal corta o assunto)

Principal – O senhor não andou ouvindo alguns ruídos estranhos ultimamente não?

Padeiro – Ah, foi bom o senhor ter tocado no assunto...

(Padeiro paralisado no tempo)

Principal – Ai meu Deus, é agora, ele vai falar que ouviu meus peidos e vai perguntar o que eu comi, ai meu Deus, ele vai chamar a polícia pra me levar preso daqui!!

(Padeiro volta)

Padeiro – é, ouvi uns barulhos muito estranhos ontem de noite, minha vizinha, aquela gorda feia, entrou na casa dela e sei lá o que tava fazendo, parecia o barulho das capivara lá de onde eu morava, aliás o senhô sabia que eu nasci no mato grosso do sul? Desde pequenininho acostumado a correr no meio dos boi, mas daí minha mãe deu o corno....

(Principal interrompendo)

Principal – hehehe, sim ,sim meu amigo, bela história, mas não era desse tipo de barulho que eu estava me referindo, era uma barulho que eu ouvi agora a pouco, tipo o barulho de bombinhas de festa junina! Sim! Bombinhas de festa junina!

(Padeiro se exaltando)

Padeiro – AHHHHHHHH, MAS EU SEI DO QUE O SENHOR ESTÁ FALANDO!!! EU ODEIO ESSAS COISAS ASQUEROSAS MAIS DO QUE TUDO! ODEIO COM TODAS AS MINHAS FORÇAS!!

(padeiro paralisado)

Principal – AI MEU DEUS!!!!!! É AGORA!! ELE VAI ME EXPULSAR DESSA PADARIA, VAI CHAMAR A TROPA DE CHOQUE! PIOR! ELE VAI LIGAR PRA MINHA MÃE!! AI NÃO ISSO NÃO

(Principal se virando para o padeiro de costas)

Principal - O seu padeiro, não chame minha mãe não...ela vai falar que ela não me deu educação...

(Padeiro agachado interrompendo principal sem dar atenção ao que o mesmo dizia)

Padeiro - São esses malditos ratos roendo esse canto aqui, está vendo? Mas esses ratos são uma desgraça na minha vida mesmo, vou detetizar essa padaria no feriado, no feriado de nossa senhora aparecida, eu já te contei a história de que meu primo deixou de ficar cego por causa de nossa senhora?

(Principal desconversando um pouco nervoso)

Principal - Não, eu na verdade queria saber se você sentiu algum cheiro duvidoso no ar, um cheiro fétido?

Padeiro – AHH!! AI minha nossa, perdão senhô...

(Padeiro paralisado)

Principal – Como Assim “Perdão”? será que ele peidou também?

(Padeiro normal)

- é minha mulher, ela não costuma tomar banho, ela toma banho só de mês em mês...

(Principal já nervoso)

- Não meu amigo, não é isso que eu to falando!! Quero saber se vc ouviu um som tipo um peido??? Um peido bem fétido!!

Padeiro- Peido? Não não, peido não...

(Padeiro paralisado)

Principal – OhMerda!! Eu já entendi qual é a desse padeiro, ele quer que eu confesse que eu peidei, pois eu vou confessar! EU CONFESSO MERDA!!

(Padeiro volta)

Principal – JÁ SEI QUAL É A SUA MERMÃO!! VC QUER QUE EU CONFESSE QUE EU PEIDEI!!, POIS É ISSO NÃO É?? POIS EU FALO!! EU PEIDEI! EU PEIDEI! EU PEIDEI!

(Principal começando a cantarolar)

Principal – EU PEIDEI! EU PEIDEI! EU PEIDEI!! HAUAHAU EU PEIDEI!!! HAUAHUAHUAHAU

(pessoas vão entrando na padaria e fazem um semi circulo do lado de principal)

Principal – EU PEIDEI! EU PEIdei, eu pei...

( se recompondo olhando em volta e percebendo sua situação)

Principal – Por favor seu padeiro, me vê um maço de cigarro...

(Padeiro dá o maço, principal paga e sai de cena)


(Mateus Luz)